Arqueologia Pública e Colaborativa é um
conceito recente, resultado de profundas transformações ocorridas
na sociedade e nas ciências, nas últimas décadas. Acompanhando
estas transformações, as ciências passaram a interagir, de forma
programática e consciente, com os grupos sociais envolvidos,
visando a políticas públicas e participando da luta pelo respeito e
valorização da diversidade ambiental e cultural.
O aspecto público da Arqueologia refere-se
à atuação com as pessoas, em especial as comunidades locais,
incluindo os mais diversos órgãos e segmentos que compõem a
sociedade em geral. A Arqueologia Pública, entendida como ação com
o povo, para usarmos uma expressão de Paulo Freire, permite que
tenhamos uma Ciência Aplicada em benefício das comunidades e
segmentos sociais.
Este é o contexto de atuação do “Programa
de Patrimônio Cultural da PCH Paranatinga II, Arqueologia
Colaborativa/ MT”. Desenvolvido desde março/2008, o Programa está
cientificamente lastreado no conceito da Arqueologia Pública e
Colaborativa, voltado ao relacionamento entre a pesquisa e o manejo
de bens culturais junto aos grupos sociais envolvidos. Tem como
meta promover a participação da sociedade na gestão de seu
patrimônio cultural, em busca de soluções de sustentabilidade.
Desde 2005 vem sendo desenvolvido este
Programa, que tem como objetivo maior contribuir para um maior
conhecimento, valorização e preservação dos aspectos históricos e
culturais dos povos indígenas do Alto Xingu.
Na primeira fase do Programa foram feitos
estudos para definição e delimitação das paisagens culturais do
Sagihengu e Kamukuwaká, lugares sagrados que se localizam fora dos
limites do Parque Indígena do Xingu (PIX). Como resultado desta
fase os indígenas receberam do IPHAN o Prêmio Rodrigo de Mello
Franco, como melhor iniciativa institucional de 2008 na valoração e
preservação do patrimônio cultural brasileiro. O prêmio foi dado à
comunidade indígena pelo Ministro da Cultura, Sr. Juca Ferreira,
que neste momento recebeu das mãos do Cacique Aritana Yawalapiti o
processo de tombamento das áreas sagradas do Sagihengu e do
Kamukuwaká.
O processo de tombamento está sendo
acompanhado junto ao IPHAN. No final de 2008, os lugares sagrados
do Sagihengu e Kamukuwaká foram, também, inseridos na lista de
paisagens culturais para estudo de reconhecimento pela UNESCO.
Na segunda fase do Programa, agora em
andamento, estão sendo feitos estudos para elaboração de um Projeto
de Corredor Cultural para os rios Culuene e Batovi. Nestes rios se
localizam os lugares sagrados do Sagihengu e Kamukuwaká. No
Corredor Cultural estará sendo inserida a totalidade de patrimônios
arqueológicos, históricos, culturais e paisagísticos ali
existentes, buscando instrumentos de sua preservação e manejo
sustentável. Este Plano objetiva buscar, também, sinergias com as
demais iniciativas culturais da região, contribuindo para a gestão
do patrimônio estudado e a promoção e continuidade futura das ações
e de seus benefícios.
Para consolidar essa rede de trabalho
(consulta, comunicação, cooperação) são utilizadas plataformas de
Mídias Sociais para internet – blog, site, twitter – que visam
dialogar nas mais diversas formas de linguagem com os diferentes
públicos envolvidos.